O director e editor da Imprensa Nacional de Angola, Hermenegildo Seca, abordou, na quarta-feira, a temática do contratado na poesia angolana, recorrendo aos poemas de Agostinho Neto, António Jacinto e João Maria-Vilanova.
Hermenegildo Seca, que foi o orador de mais uma edição da tradicional “Maka à Quarta-Feira”, realizada pela União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, disse que o tema em abordagem faz parte da investigação de doutoramento que está a concluir na Universidade de Évora, em Portugal.
Ao analisar os textos, o editor referiu que a figura do contratado surgiu para substituir a mão de obra escrava, sublinhando que a diferença entre o escravo e o contratado era o dinheiro que era pago pelo trabalho prestado.
“Os três poetas angolanos reflectem sobre os maus-tratos que eram submetidos aos contratados no país, quer em trabalhos agrícolas, construção civil ou nas minas, um capítulo no qual os autores foram unânimes. Os escritores abordaram sobre a figura do contratado e relacionaram com a realidade histórica e por meio dos seus poemas entendemos de forma clara a temática em abordagem”, disse.
Hermenegildo Seca explicou que na abordagem é notório haver na poesia dos autores uma correlação da história com a literatura, sendo o contratado um elemento jurídico.
“Há vários historiadores que abordaram sobre este fenómeno e temos muitas leis e regulamentos relacionados com o tema em debate. Por essa razão decidi fazer um estudo comparativo entre aquilo que a história e a legislação dizem sobre a temática e o que a literatura aborda”, sustentou.
Durante a sua abordagem, o também escritor fez menção de países como Moçambique e São Tomé e Príncipe, onde, tal como em Angola, o trabalho forçado era dirigido pelo regime colonial português.
No final da actividade, o secretário-geral da UEA, David Capelenguela, ressaltou que a temática apresentada remete a uma análise profunda do tempo colonial e da realidade actual.
David Capelenguela reconheceu a importância da abordagem da temática, referindo que é um tema bastante rico e aproveitou a ocasião para agradecer a presença dos amantes da literatura ao evento, desde professores, estudantes, escritores e membros da União dos Escritores Angolanos (UEA).